terça-feira, 6 de abril de 2010

POPULAÇÃO EM CHEQUE


Ontem segunda-feira (5/04), ainda eram 10 horas da manhã e eu já estava um pouco temeroso, afinal, minha gravação estava sendo interrompida por uma chuva mega super forte; que anunciava a chegada de uma forte frente fria, e com ela chegara à hora do maior SWELL dos últimos anos (RESSACA) ao menos pela previsão que marca ondas de até 5 metros e meio no Rio de Janeiro; então todos os surfistas da cidade estavam eufóricos; estavam; e não deixaram sua euforia de lado porque as ondas não aparecerem e sim por que a cidade passou pelo piores momentos dos últimos 44 anos e na volta do trabalho eu já pude começar a sentir na pele o que toda a cidade sentiu durante aquela noite;
Estava tudo bem apesar da forte chuva, eram cinco horas da tarde e peguei o ônibus no bairro do Humaitá, geralmente em uma hora e meia eu chego na minha casa e estava tudo até melhor que o normal até percorrer aproximadamente dois terços do caminho e simplesmente ficar ali, parado por 2 horas vi a água subir e muito antes do ônibus voltar a andar, e até chegar a ponte foram longas duas horas e meia; percebi que a cidade estava literalmente de baixo d’água; preocupado liguei para meu pai que estava bem, embora também no trânsito; cheguei em Niterói e percebi que não chovia mais, apenas garoava mas via tudo a minha volta cheio d’água; a trégua foi suficiente para eu chegar em casa e assistir pela TV que eu não tinha passado por absolutamente nada, a chuva voltara e toda a cidade estava literalmente ilhada.
Mistura de alivio e dor; percebi que havia chovido por toda a madrugada, não dormi direito e acordei muitas vezes com o barulho do vento e da água, mas só “cai na real” to tamanho do estrago quando meu pai me ligou as dez pras sete da manhã, perguntou como estavam as coisas aqui e decidiu nem tentar ir trabalhar, voltou para casa e ficou seguro; mesma sorte não teve meu amigo de trabalho o Sávio que dormiu no carro por toda noite e só chegou em casa no meio da tarde...
Saí de casa por meia hora e percebi que meus planos de banco e mercado seriam em vão, a minha rua fechada e com a LAMA que descia a LADEIRA como se fosse um rio, liguei a TV e vi que minha linda cidade estava cinza, silenciosa e amedrontada; vi vidas se perdendo por todo o dia, já se foram 98 pessoas, em meio a escombros e deslizamentos; como é triste ver isso, pessoas perdendo tudo, em pensar que pouco tempo atrás pedi ajuda a Santa Catarina e hoje vejo que quem vai precisar de ajuda somos nós, no meio de uma metrópole, no meio da cidade Olímpica, cidade da final da Copa do Mundo... A alegria carioca se escondeu e não há mesmo como sorrir, é meia noite e meia da madrugada de quarta-feira são 38 HORAS DE CHUVA, ela voltou com força e ventos fortes, não consigo dormir, e muito menos sorrir... a chuva não para a ressaca já chegara a maré cheia atrapalha a água a escoar e aqui em Niterói uma das melhores cidades do País para se viver, pela primeira vez em sua história, estamos em ESTADO DE EMERGÊNCIA; estou seguro no meu apartamento, a luz vai e volta, os telefones não funcionam direito, mas o pior está lá fora... a chuva não para...
Súplica Cearense
Composição: Gordurinha e Nelinho
Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus,
perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu... RIO DE JANEIRO

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